O processo da ciência atua em
múltiplos níveis – da menor escala (e.g., a comparação de genes de espécies
aparentadas de borboletas) até a maior escala (e.g., a série de investigações
em meio século da ideia de que o isolamento geográfico de uma população pode
provocar a especiação). O processo científico atua de uma forma parecida com a
de um cientista individual abordando um problema, questão ou hipótese
específica ao longo de meses ou anos, ou de uma comunidade de cientistas que
concordam com algumas ideias através de décadas e milhares de experimentos e
estudos individuais. Similarmente, as explicações científicas vêm em diferentes
escalas.
Hipóteses
Hipóteses são explicações propostas para um conjunto relativamente estreito de fenômenos. Essas explicações
lógicas não são palpites. Quando cientistas
formulam novas hipóteses, elas são usualmente baseadas em experiências prévias,
conhecimento científico básico, observações preliminares e lógica. Por exemplo,
cientistas observaram que borboletas dos Alpes exibem características
intermediárias entre duas espécies que vivem em baixas altitudes. Baseados
nessas observações e no seu entendimento da especiação, os cientistas
hipotetizaram que essa espécie de borboleta dos Alpes evoluiu como resultado
da hibridização entre as outras duas espécies vivendo em baixas altitudes.
Teorias
Teorias, por outro lado, são explicações
abrangentes para uma grande amplitude de fenômenos. Elas são concisas (i.e.,
geralmente não tem uma longa lista de exceções e regras especiais), coerentes,
sistemáticas, preditivas e amplamente aplicáveis. De fato, teorias em geral
integram e generalizam muitas hipóteses. Por exemplo, a teoria da seleção natural se aplica amplamente para todas populações com alguma forma de
hereditariedade, variação e sucesso reprodutivo diferencial – seja a população
composta de borboletas dos Alpes, moscas de frutas tropicais em uma ilha, uma
nova forma de vida descoberta em Marte ou até os bits na memória de um computador.
Essa teoria ajuda a entender uma amplitude de observações (do aumento da
resistência de bactérias aos antibióticos à similaridade física entre
polinizadores e suas flores preferidas), faz predições sobre novas situações
(e.g., que tratando pacientes com AIDS com um coquetel de medicações deve
diminuir a evolução do vírus) e se provou incontáveis vezes em milhares de experimentos
e estudos observacionais.
Apenas
uma teoria?
Ocasionalmente, ideias científicas (tais
como a evolução biológica) são escritas com um adendo “é só uma teoria”. Essa
difamação é enganosa e confunde dois significados separados da palavra teoria: no uso comum, a palavra teoria
significa simplesmente um palpite, mas, na ciência, uma teoria é uma explicação
poderosa para um conjunto amplo de observações. Para ser aceita pela comunidade
científica, uma teoria (no sentido científico da palavra) deve ser fortemente suportada
por muitas linhas de evidência diferentes. Então, a evolução biológica é uma
teoria (uma explicação bem suportada, amplamente aceita e poderosa para a
diversidade de vida na Terra), mas não é “só uma teoria”.
Palavras com ambos significados (técnico e
comum) geralmente causam confusão. Até cientistas às vezes usam a palavra teoria quando eles na verdade querem
dizer hipótese ou mesmo um palpite. Muitos campos técnicos têm problemas
similares de vocabulário – por exemplo, tanto o termo trabalho em física, quanto ego em
psicologia possuem significados específicos nos seus campos técnicos que
diferem de seus usos comuns. Entretanto, entender o contexto e um pouco de
conhecimento básico em geral são suficientes para distinguir qual significado é
proposto.
Teorias
globais
Algumas teorias, que podemos chamar de teorias globais, são particularmente
importantes e refletem entendimentos amplos de uma parte particular do mundo
natural. A teoria evolutiva, a teoria atômica, a gravidade, a teoria quântica,
e a tectônica de placas são exemplos desse tipo de teorias. Essas teorias têm
sido amplamente suportadas por múltiplas linhas de evidência e ajudam a
estruturar nosso entendimento do mundo ao nosso redor.
Tais teorias englobam muitas teorias
e hipóteses subordinadas e, consequentemente, mudanças nesses teorias e
hipóteses menores refletem um refinamento (não uma queda) da teoria global. Por
exemplo, quando o equilíbrio pontuado foi proposto como um modelo de mudança
evolutiva e evidência foi encontrada suportando a ideia em algumas situações,
isso representou um reforço elaborado da teoria evolutiva, não uma refutação
dela. Teorias globais são muito importantes, pois ajudam os cientistas a
escolher seus métodos de estudo e modo de raciocínio, conectam fenômenos
importantes de formas novas e abrem novas áreas de estudo. Por exemplo, a
teoria evolutiva realçou um conjunto novo de questões para exploração: Como a característica de uma espécie ou grupo de espécies evoluiu? Como essas espécies são relacionadas umas com as outras?
Como a vida mudou através do tempo?
Explicação
de um modelo
Hipóteses e teorias podem ser complexas. Por
exemplo, uma hipótese particular sobre interações meteorológicas ou reações
nucleares podem ser tão complexas que são melhor descritas na forma de um
programa de computador ou uma equação matemática. Nesses casos, a hipótese ou
teoria pode ser chamada de modelo.
Texto e figuras adaptados de http://undsci.berkeley.edu/article/howscienceworks_19
Texto e figuras adaptados de http://undsci.berkeley.edu/article/howscienceworks_19
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