quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Cuidando do jardim

Olá,

Ontem, molhei as mudas. Foi um trabalhão, pois, aqui em casa, a água vem de um poço que fica uns 30 metros distantes da caixa d'água. Cada vez que molho as mudas, tenho que ir até lá ligar a bomba d'água, retirar a parte da mangueira que vai para a nossa caixa e ligar na mangueira que vai para as mudas. Só que, ontem, como a bomba havia sido trocada, as conexões das mangueiras (são 70 m!) ficavam soltando, pois a bomba joga água com mais força. Tudo resolvido, duas horas de trabalho para molhar as mudas do experimento e as outras que eu não estou utilizando (no total são 1.020 mudas). Ainda bem que o verão, nesse ano, está tendo maior precipitação do que o do ano passado quando ficava uns 15 dias sem uma gota de chuva.

Falando em mudas excedentes... Estou pensando em montar mais um experimento com elas. Andei lendo os artigos "The effect of landscape heterogeneity on the probability of patch colonization" (Gustafson e Gardner) e "Matrix structure obscures the relationship between interpatch movement and patch size and isolation" (Bender e Fahrig), os quais abordam um assunto interessante e factível em pequena escala: como a diversidade de hábitats em uma matriz influencia na dispersão e colonização de manchas? O artigo de Bender e Fahrig traz, inclusive, um modelo sobre isso. Modelos são bons, pois trazem predições que podem ser testadas em campo...

Falando nisso, na minha revisão bibliográfica que fiz para escrever o artigo, vi que mesmo as predições da Teoria de Biogeografia de Ilhas, que, dizem alguns, já estão ultrapassadas pela abordagem de contraste da paisagem, não são muito abordadas. Aliás, objetivamente, medidas de isolamento, por exemplo, quase não são incluídas como variáveis preditoras nas análises. Surpreendente, não?! Levando em conta a facilidade de cálculo dos índices mais simples...

Ou seja, já queremos colocar de lado uma teoria sem nem ao menos termos testado a mesma. Aqui, pode-se fazer observações quanto ao realismo de uma teoria inicialmente pensada para ilhas oceânicas... Isso poderia não funcionar direito em ambientes terrestres. Perfeito... Mas, até onde eu saiba, não há uma teoria, atualmente, que englobe "todas" as variáveis de uma matriz qualquer em modelos explícitos de dispersão, colonização e estabelecimento de comunidades. Até porque matrizes são diferentes em locais distintos. Por que não começar pelo mais simples?

Atualmente, penso que há uma tendência dos pesquisadores iniciantes (eu incluído) em medir "trocentas" variáveis, pensando que "quanto mais, melhor". Bom, depois, o cara se vê com aquele monte de variáveis redundantes, gastou tempo nisso, inclusive, e as que dão melhor resposta são exatamente aquelas óbvias. Aliás, depois, a gente vê que nem dá pra utilizar todas aquelas variáveis explicativas, pois, provavelmente, nossa amostra não é grande (quanto mais variáveis, menos graus de liberdade...). Bom, pode-se dizer, sempre há uma regressão múltipla pra resolver as coisas pra gente. Mas, mesmo assim, temos que checar a multicolinearidade das nossas variáveis e, se houver, aí a gente tem que sacar um pouco de análise de resíduos ou testes multivariados ou... Tudo já começa a ficar mais complicado no universo estatístico.

Talvez isso seja um processo normal no aprendizado da pesquisa... Talvez.

Às vezes, me pergunto: Será que a Ecologia é uma ciência localista? Será que os processos influenciando as respostas das comunidades dependem do local onde estão sendo feitas as coletas? Generalizações (Leis) são abstrações sem sentido? A exceção é a regra?

Digo isso, pois, na minha revisão, a única regra que não é quebrada é que a riqueza de espécies NUNCA aumenta com a diminuição da área. Porém, ela pode ser a mesma! E é em quase 50% dos casos analisados! E aqui, sim, deve-se pensar em contraste de matriz. Quanto à abundância, bom, aí já entra uma exceção à essa regra em florestas boreais.

Bom, vou para por aqui para não começar a viajar demais...

Paz a todos.

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