sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Coletas 2

Oi,

Passada a entrada de ano... Iniciei, hoje, minha segunda coleta nas manchas experimentais após 23 dias da primeira. Sem mais surpresas, os bichos já tiveram tempo de recolonizar. Inclusive, topei com outras espécies. Alguns salticídeos (papa-moscas) difíceis de coletar manualmente. Esses bichos são muito rápidos, também, têm os olhos mais desenvolvidos do reino das aranhas!

Lendo o artigo "The species-area relationship in the hoverfly (Diptera, Syrphidae) communities of forest fragments in southern France" (Ouin et al. 2006) vi que os autores utilizaram dois tipos de medidas de riqueza: riqueza de espécies (species richness) - para o total de espécies encontradas em cada fragmento; e densidade de espécies (species density) - riqueza padronizada para o tamanho da menor amostra (média). Já havia visto isso em outro artigo (Myiashita et al. [2008]). Os autores utilizaram amostragem proporcional, ou seja, fragmentos maiores receberam mais unidades amostrais. Originalmente, os primeiros estudos envolvendo relação espécies-área amostravam sempre áreas iguais, mesmo em tamanhos diferentes. Porém, há referências mais atuais que fazem algumas considerações sobre isso. Schoereder et al. (2004) abordam isso de forma bem legal. Fragmentos maiores, provavelmente, têm maior diversidade de hábitats, portanto, se utilizamos o mesmo número de unidades amostrais em pequenos e grandes, pode-se perder essa provável beta-diversidade. Isso pode fazer com que a riqueza seja igual nos dois tamanhos.

Ouin et al. encontraram diferenças nos efeitos de área para os dois tipos de abordagem... A densidade de espécies não variou com a área. Ou seja, fragmentos pequenos e grandes possuíam o mesmo número médio de espécies em uma determinada área. Já a riqueza total foi positivamente relacionada com área. Dengler (2008) sugere que, em estudos de relação espécies-área, deve-se usar riqueza média, mas ele discute somente estudos com desenhos aninhados e não comenta nada a respeito do desenho tradicional utilizado em conservação: fragmentos do hábitat de interesse.

Se vocês notaram, estou de novo discutindo sobre métodos de amostragem e métodos de representação da riqueza: riqueza total, densidade de espécies, riqueza rarefeita, controle do tamanho amostral... Vi artigos abordando isso de todos os jeitos, o que significa que, aqui, não há uma regra clara. Ainda penso que o melhor é fazer amostragem proporcional e retirar o efeito de amostragem com rarefação, apesar de que o tradicional é utilizar amostragem proporcional com riqueza de espécies em um modelo de regressão exponencial (power function): S=cA^z.

Quem se interessa pelo assunto, pode dar uma olhada no artigo do Schoereder et al. (2004) "Should we use proportional sampling for species-area studies?" e os do Dengler: (2008) "Pitfalls in small scale species-area sampling and analysis" e (2009) "Which function describes the species-area relationship best? A review and empirical evaluation".

Paz a todos.

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