quinta-feira, 24 de março de 2011

Produção científica...

Coloquei links para vários artigos dos quais fui autor ou co-autor. Caso precisem de separatas ou pdfs, só pedir.

Luz a todos.

Comportamentos...

A coleta de número 5 está sendo realizada nessa semana. O número de aranhas permanece menor do que o do início do experimento em dezembro. Para os desavisados informo que, anteriormente ao início do experimento, todas as mudas foram limpas para tirar os bichos. Então, a maior abundância naquela primeira coleta não é tendenciosa.

O comportamento de fuga das aranhas é uma coisa muito interessante. Pelas minhas observações, há comportamentos que se repetem em espécies da mesma família. Por exemplo, salticídeos (papa-moscas), num primeiro momento, percebem o predador (eu) se aproximando. Esses bichos possuem dois olhos binoculares formidáveis, considerando que são aranhas. Conseguem formar uma imagem bem nítida. Dessa forma, só na aproximação, eles se viram de frente para mim, para poderem dar uma "boa olhada" no vivente.
Com a maior aproximação, correm por entre a folhagem para escapar. Após alguns momentos, quando vêem que não se livraram da perseguição, pulam. Se não encontram anteparo imediato, caem no vazio. Esse é o padrão para todos os salticídeos que encontrei até agora.

Por outro lado, há famílias em que as espécies possuem comportamentos diferentes. Por exemplo, araneídeos (teias orbiculares) possuem algumas variações. Algumas espécies se atiram da teia quando são perturbadas. Outras correm pela teia até o refúgio na folhagem. Outras correm pela teia, mas não saem dela num primeiro momento. Esperam para ver o que acontecerá. Caso o distúrbio continue, então se retiram para o refúgio. Os teridídeos, que fazem teias tridimensionais (irregulares) são, de longe os mais "patetas". Eu sou capaz até de tocar neles que não se mexem da teia, com exceções. Há pouquíssimas espécies que se atiram só de sentir a teia ser mexida. São raras.

Mas o que mais me chamou a atenção foi a mudança de comportamento que ocorre em várias fêmeas com sacos de ovos ou filhotes recém eclodidos. Elas são mães extremamente zelosas, não se afastam dos ovos ou dos filhotes. Até mesmo uma das espécies mais fugidias que encontrei durante as coletas (vou ficar devendo o nome e a família, pois realmente não conheço o bicho, só sei que é cursorial), quando as fêmeas estão com ovos, elas simplesmente ficam paradas junto aos mesmos. Quando estão sozinhas, correm pela folhagem como raios e se atiram ao chão. Difícil de pegá-las.

Então, uma observação bem legal é que a mudança na fase da fenologia (reprodutiva) padroniza o comportamento de várias espécies, o qual, em outras épocas, seria completamente diferente. Resumindo: em geral, as fêmeas não fogem, não abandonam suas crias. Veja, abaixo, um exemplo. Uma fêmea (preta e amarela, no centro) cuidando dos filhotes (pequenos do lado esquerdo da folha). Clique na imagem para ampliar.



Porém há exceções. Tenho visto sacos de ovos abandonados à própria sorte. Mas isso não quer dizer que as  mães abandonaram os filhos. Talvez tenham sido predadas...

Hoje, vi um salticídeo predando outra aranha. Canibalismo é um evento esporádico, mas, quando a aranha passou na frente do bicho, ele esperou até ela parar mais adiante e saltou em cima. O bicho é esse aí, ainda não havia predado a outra aranha. Clique na imagem para ampliar.


Paz a todos.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Estudando a vida através da morte

Li o comentário da Rosane, no qual ela me pergunta para onde vão as aranhas que coleto.

Infelizmente, as aranhas são sacrificadas e aí cabe uma pergunta: Como a Biologia, ciência que estuda a vida, faz isso através da morte? É uma contradição que me incomoda. Algumas disciplinas da Biologia não precisam matar seus organismos. É o caso, por exemplo, da botânica. De qualquer forma, para realizar identificações que sejam cientificamente validadas, no caso da aracnologia, é necessário o sacrifício, já que as identificações são realizadas através da análise dos órgãos genitais, coisa impraticável em campo.

Eu tentei, durante as coletas piloto que realizei no meu estudo de campo (o qual descreverei futuramente), manter as aranhas vivas dentro de potes plásticos com furos. A maioria delas acabou perecendo após mais ou menos um mês.

A coisa fica mais séria ainda quando se sabe que a maioria dos indivíduos coletados são jovens, os quais, geralmente, são descartados das análises.

Há outras opções além dessa? Até onde sei, não. Para se trabalhar com diversidade, há necessidade de se fazer listas de espécies e, como escrevi anteriormente, para se identificar aranhas é necessário verificar os órgãos genitais. Ver os órgãos genitais de uma aranha com 0,5 cm de comprimento é impraticável no campo.

Talvez para fazer uma abordagem com grupos funcionais não haveria necessidade de coleta, somente a classificação em campo do grupo funcional ao qual determinado indivíduo pertence. Mas o desafio é saber se  esses grupos funcionais seriam uma variável resposta adequada para se analisar diferenças entre ambientes, por exemplo.

De qualquer forma, me incomoda o fato de precisar matar para estudar. Por isso, até, fiz minhas coletas manuais e restringi as análises para o grupo de aranhas de teias, pois, assim, não sacrificaria indiscriminadamente. Grande consolo!

Paz a todos.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Problemas à vista...

Saudações.

Como viram, eu estou ausente por algum tempo do blog. A correria está grande. Esse ano vai passar a jato. Já estamos quase em abril!!!

Bom, estive revisando minhas mudas nesses dias e constatei o que temia. Duas espécies são caducifolias, ou seja, perdem as folhas durante uma fase do ano. No caso, ipê e tarumã. Algumas mudas de tarumã começaram a perder folhas. Talvez seja apenas uma resposta fisiológica a algum estresse, já que a maioria das mudas ainda está com as folhas verdes. Porém, o alarme foi soado. Vou trocando as mudas até que a fase de perda de folhas se confirme. A partir daí, é necessário repensar o experimento.

Na hora em que fui buscar as mudas no viveiro, realmente, não havia outras alternativas. A maioria das espécies eram caducifolias e as que mantinham as folhas tinham poucas mudas.

Tomara que eu consiga, pelo menos, mais algumas coletas. Gostaria de ter 10, no mínimo, mas dificilmente conseguirei... Isso vai prejudicar as análises, já que para o cálculo da taxa de colonização precisaria um maior número de coletas. Enquanto isso... Torço.

Luz para todos.