Li o comentário da Rosane, no qual ela me pergunta para onde vão as aranhas que coleto.
Infelizmente, as aranhas são sacrificadas e aí cabe uma pergunta: Como a Biologia, ciência que estuda a vida, faz isso através da morte? É uma contradição que me incomoda. Algumas disciplinas da Biologia não precisam matar seus organismos. É o caso, por exemplo, da botânica. De qualquer forma, para realizar identificações que sejam cientificamente validadas, no caso da aracnologia, é necessário o sacrifício, já que as identificações são realizadas através da análise dos órgãos genitais, coisa impraticável em campo.
Eu tentei, durante as coletas piloto que realizei no meu estudo de campo (o qual descreverei futuramente), manter as aranhas vivas dentro de potes plásticos com furos. A maioria delas acabou perecendo após mais ou menos um mês.
A coisa fica mais séria ainda quando se sabe que a maioria dos indivíduos coletados são jovens, os quais, geralmente, são descartados das análises.
Há outras opções além dessa? Até onde sei, não. Para se trabalhar com diversidade, há necessidade de se fazer listas de espécies e, como escrevi anteriormente, para se identificar aranhas é necessário verificar os órgãos genitais. Ver os órgãos genitais de uma aranha com 0,5 cm de comprimento é impraticável no campo.
Talvez para fazer uma abordagem com grupos funcionais não haveria necessidade de coleta, somente a classificação em campo do grupo funcional ao qual determinado indivíduo pertence. Mas o desafio é saber se esses grupos funcionais seriam uma variável resposta adequada para se analisar diferenças entre ambientes, por exemplo.
De qualquer forma, me incomoda o fato de precisar matar para estudar. Por isso, até, fiz minhas coletas manuais e restringi as análises para o grupo de aranhas de teias, pois, assim, não sacrificaria indiscriminadamente. Grande consolo!
Paz a todos.
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