A coleta de número 5 está sendo realizada nessa semana. O número de aranhas permanece menor do que o do início do experimento em dezembro. Para os desavisados informo que, anteriormente ao início do experimento, todas as mudas foram limpas para tirar os bichos. Então, a maior abundância naquela primeira coleta não é tendenciosa.
O comportamento de fuga das aranhas é uma coisa muito interessante. Pelas minhas observações, há comportamentos que se repetem em espécies da mesma família. Por exemplo, salticídeos (papa-moscas), num primeiro momento, percebem o predador (eu) se aproximando. Esses bichos possuem dois olhos binoculares formidáveis, considerando que são aranhas. Conseguem formar uma imagem bem nítida. Dessa forma, só na aproximação, eles se viram de frente para mim, para poderem dar uma "boa olhada" no vivente.
Com a maior aproximação, correm por entre a folhagem para escapar. Após alguns momentos, quando vêem que não se livraram da perseguição, pulam. Se não encontram anteparo imediato, caem no vazio. Esse é o padrão para todos os salticídeos que encontrei até agora.
Por outro lado, há famílias em que as espécies possuem comportamentos diferentes. Por exemplo, araneídeos (teias orbiculares) possuem algumas variações. Algumas espécies se atiram da teia quando são perturbadas. Outras correm pela teia até o refúgio na folhagem. Outras correm pela teia, mas não saem dela num primeiro momento. Esperam para ver o que acontecerá. Caso o distúrbio continue, então se retiram para o refúgio. Os teridídeos, que fazem teias tridimensionais (irregulares) são, de longe os mais "patetas". Eu sou capaz até de tocar neles que não se mexem da teia, com exceções. Há pouquíssimas espécies que se atiram só de sentir a teia ser mexida. São raras.
Mas o que mais me chamou a atenção foi a mudança de comportamento que ocorre em várias fêmeas com sacos de ovos ou filhotes recém eclodidos. Elas são mães extremamente zelosas, não se afastam dos ovos ou dos filhotes. Até mesmo uma das espécies mais fugidias que encontrei durante as coletas (vou ficar devendo o nome e a família, pois realmente não conheço o bicho, só sei que é cursorial), quando as fêmeas estão com ovos, elas simplesmente ficam paradas junto aos mesmos. Quando estão sozinhas, correm pela folhagem como raios e se atiram ao chão. Difícil de pegá-las.
Então, uma observação bem legal é que a mudança na fase da fenologia (reprodutiva) padroniza o comportamento de várias espécies, o qual, em outras épocas, seria completamente diferente. Resumindo: em geral, as fêmeas não fogem, não abandonam suas crias. Veja, abaixo, um exemplo. Uma fêmea (preta e amarela, no centro) cuidando dos filhotes (pequenos do lado esquerdo da folha). Clique na imagem para ampliar.
Porém há exceções. Tenho visto sacos de ovos abandonados à própria sorte. Mas isso não quer dizer que as mães abandonaram os filhos. Talvez tenham sido predadas...
Hoje, vi um salticídeo predando outra aranha. Canibalismo é um evento esporádico, mas, quando a aranha passou na frente do bicho, ele esperou até ela parar mais adiante e saltou em cima. O bicho é esse aí, ainda não havia predado a outra aranha. Clique na imagem para ampliar.
Paz a todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário