Estocasticidade diz respeito a um padrão que emerge a partir
de eventos aleatórios, não-determinísticos. Devido à imprevisibilidade dos
resultados dos eventos não se pode “determinar” de antemão qual trajetória o
sistema irá tomar e todos eventos tem iguais probabilidades (chances) de acontecer.
Entretanto, a imprevisibilidade (estocasticidade) não
pressupõe que os padrões resultantes de uma série de eventos aleatórios sejam
aleatórios. Por exemplo: qualquer face de um dado tem a mesma probabilidade de
estar em qualquer uma das posições espaciais após o lançamento do mesmo (para
baixo, para o lado esquerdo, para o lado direito, para cima, etc.). Espera-se
que, lançando o dado um número grande de vezes, a distribuição das posições de
cada face terá um padrão 1/6 ( 360 eventos = 60 vezes a face 1 para baixo). Porém,
uma sequência não-aleatória pode surgir a partir de uma série de eventos
aleatórios. Por exemplo, 120 vezes a face 1 para baixo. Todavia, esse resultado
de uma série de eventos é improvável desde que todas as outras forças que
poderiam influenciar esse resultado atuassem da mesma forma no resultado de
cada evento individual.
Quando “procuramos” padrões, a aleatoriedade é testada. Ou
seja, até que ponto o desvio no número de vezes que um determinado evento
ocorre é “determinado” ou aleatório ?
Eventualmente, um padrão não-aleatório emerge (120 vezes a
face 1), simplesmente porque todos resultados a partir da combinação dos
eventos disponíveis são possíveis, inclusive aqueles que “parecem”
determinísticos. Mas a probabilidade de uma cadeia gerada a partir de eventos
aleatórios ser determinística é muito menor do que a probabilidade de geração
de uma cadeia aleatória.
Nesse contexto, o que seria uma comunidade estocástica?
Uma comunidade “montada” a partir de eventos aleatórios,
imprevisíveis. Sejam quais forem os eventos que concorrem para a montagem das
comunidades, para uma comunidade estocástica eles deverão ser eventos
aleatórios. Porém, como frisado, os eventos aleatórios tem as mesmas
probabilidades para cada resultado individual.
O que determina a montagem da comunidade, em um primeiro
momento em que não há interações interespecíficas, é o estado inicial do
sistema regional de espécies, em outras palavras, é o pool regional de
espécies. Aquelas espécies que tem probabilidade de colonizar a nova comunidade.
Mas será que, por terem as espécies abundâncias diferentes, elas apresentam
diferentes probabilidades de colonização?
Ou seja, esse pensamento de estado inicial do pool de
espécies tornaria a comunidade não-estocástica, pois a sensibilidade às
condições iniciais de um sistema não é uma característica de um sistema
imprevisível, mas de um sistema caótico, o qual é conceitualmente determinista,
apesar de apresentar propriedades que o tornam não previsível a longo prazo.
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