sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O dia da virada...

Saudações...

Desejo a todos uma ótima entrada de ano. Apesar de acreditar que essa coisa de ano novo é meio besteira... Não preciso de um dia de ano novo para me renovar interiormente... Mas, vá lá, é uma espécie de rito de passagem da sociedade que caminha inexoravelmente para... onde mesmo? Há uma certa renovação da esperança, e isso é bom...

Mudando de assunto. Ontem, estava lendo o artigo "Effects of forest fragmentation on a dung beetle community in French Guiana" (Feer and Hingrat, 2004) e achei muito estranho que os autores façam uma discussão sobre o impacto da fragmentação sobre a riqueza de besouros, mas a análise da riqueza rarefeita mostrou que não há efeito da área sobre a mesma!!! O que isso quer dizer? Como posso analisar uma coisa que não aconteceu? Simples, eles também fizeram a mesma análise com o número de espécies e essa diminuiu com a diminuição da área!!! Assim é fácil!!! Fazem um pequeno comentário que a abundância é que determina a riqueza... Oras, se é a abundância que determina a riqueza, por que discutir sobre a influência da área? Bom, porque há uma avidez em encontrar efeitos negativos da fragmentação, assim como há avidez em encontrar efeitos positivos em outras ocasiões.

Dessa forma, parece que o pesquisador faz várias análises para "encontrar" o tal efeito desejado. E isso que esse artigo saiu na "Conservation Biology"! Para quem não está familiarizado com essas coisas científicas, uma revista muito "conceituada". Depois, dizem que a ciência é isenta... Se um conservacionista não encontra o resultado negativo da fragmentação, a primeira coisa que vem à mente é: "deve haver alguma coisa errada". É quase impossível acreditar que aquele resultado traduz a "realidade" daquele sistema. Ou seja, sempre há um preconceito envolvido...

Tirar o efeito do tamanho da amostra é um procedimento muito válido nesse caso, pois um dos mecanismos que se acredita ser responsável pela presença de uma relação espécie-área é exatamente o artefato de amostragem (sampling artifact). Dessa forma, se você tirou esse possível efeito mascarador, pode ter uma segurança maior nos seus resultados. Mas parece que essa tal de rarefação virou apenas uma moda... Não lembro aqui os títulos, mas outros artigos fazem a mesma coisa... Analisam número de espécies e riqueza rarefeita e, geralmente, os resultados são contrastantes. Porém, lá na discussão... Cadê o debate sobre isso? Fazer por fazer? Oxalá me ajude a não cometer esse erro nos meus resultados...

Mas a pressão para utilizar determinados métodos e chegar a determinadas "verdades" é grande no meio científico.

Bom, vou me despedindo... Torres está atrolhada de gente, ainda bem que moro na zona rural. Estou salvo!

Paz a todos nesse "novo ano".

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