quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A fúria da... Natureza?

Não, a fúria do homem. Da ganância, do orgulho, da indiferença, da prepotência, da ignorância.

Transcrevo, abaixo, um texto do Dr. Alarich R. Schultz, que esclarece bem a questão das enchentes:

"(...) Mas não é esta a função única ou mesmo máxima das florestas. Sabemos todos, e é quase lugar comum dizer que a derrubada das florestas acarreta modificações e mesmo transtornos quase insanáveis para o clima, a fertilidade e a fisionomia de um país. Evoco, à guisa de exemplo, os casos históricos da Ásia Menor, da zona montanhosa da Itália e do leste dos Estados Unidos da América. Países em que a desmatação incauta transformou vastos trechos de terra fertilíssima em deserto ou quase deserto árido e estéril.

Perigo semelhante ameaça à nossa grande e adorada mãe pátria.

Permití pois, que frise alguns aspectos da situação e seus possíveis remédios à luz da ciência.

A influência das matas sobre o ciclo d'água é extraordinário. Copas frondosas, ramarias e raízes retêm as gotas da chuva, diminuem a velocidade de escoamento, evitando o perigo da erosão e regulando o nível dos rios e riachos. No município de Ijuí, por exemplo, constatei o seguinte: Entre 1920 e 1930, isto é, antes de ter chegado ao grau de desflorestamento atual, verificava-se a cheia do "Rio da Ponte" aproximadamente 3 ou 4 dias depois de chuvas copiosas, mantendo-se esta mais ou menos pelo período duma semana. A pequena usina hidro-elétrica existente funcionava com normalidade e com reserva d'água suficiente para poder multiplicar por 3 ou mais vezes o seu potencial em caso de necessidade. Atualmente começa a cheia no dia da chuva ou no dia seguinte e termina 3 ou 4 dias depois, deixando o leito do citado rio abaixo do nível outrora normal; em conseqüência disto, falta energia elétrica ao desenvolvimento industrial desta rica região do estado, e, pela erosão acelerada, se tornará cada vez menos fértil a terra do colono. Aos conhecedores, não faltarão outros exemplos semelhantes."

Texto atualíssimo, não é mesmo? Pois bem, foi escrito em 1947 na aula inaugural da Faculdade de Filosofia da UPA.

A última frase é emblemática: "Aos conhecedores, não faltarão outros exemplos semelhantes." Exemplos que vimos nos noticiários da semana.

Por que o homem é tão ignorante? Não me atrevo a responder esta pergunta. Haverá pessoas que dirão que isso que eu digo é uma blasfêmia, afinal, até no nome somos orgulhosos: Homo sapiens.

Só vos faço um alerta importante. Quem acha que isso terá fim ou diminuirá, se engana. Os gananciosos não descansarão enquanto não transformarem a terra em escombros. Sob a égide do "desenvolvimento econômico e social" muitas barbaridades serão cometidas. Atentem para esse fato: no ano passado, um lobby no Congresso Nacional pressionava para diminuir as áreas de proteção permanente sob o signo do entrave ao "progresso".

Eu quero o progresso moral, o progresso de caráter, o progresso do amor, o progresso da bondade. Aos que desejam a matéria, serão soterrados por ela!

E ainda há "cientistas" que falam que não existe tal coisa como as "alterações climáticas globais".

Paz a todos.

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